Entre os sonhos e a realidade eu cheguei aqui,
contando estrelas pelo caminho,
lembrando dos versos adormecidos,
dos amigos que ficaram perdidos,
que não puderam me ouvir.
Cantarolei com os passarinhos,
descobri os seus ninhos, uma nova vida eu vi nascer,
a beleza da natureza trouxe-me de volta a vida,
buscando novos caminhos, eu decidi viver.
Eu passei em ruas de paralelepípedos quebrados,
meu salto ficou agarrado,
e até os sapatos eu perdi, cheguei descalço, mais cheguei aqui.
Eu atravessei os morros, subi e desci ladeiras,
adormeci embaixo de árvores, e sonhei com o amanhã florido e calmo
e pensei que já estivesse chegado, então percebi,
que não havia um só palmo desse chão tanto pisado por mim,
que eu não pudesse me lembrar...”eu já passei por aqui”
Pronto, morri...
Morri para as amarguras deixadas na porta do meu coração,
morri para os meus irmãos que se disfarçaram de amigos,
e nunca me deram a mão,
morri para o amor enganoso, que tonto e seboso,
não me deixou ser feliz...
Morri para as barreiras caídas das estradas que me jogaram em cima
das cercas de arame farpado, e eu não agüentei o meu fardo...
Pronto morri...
Morri pra chegar até aqui,
eu descobri, que a vida começa agora, e o que se passou lá fora,
ficou no caminho por onde pedaços da minha jornada eu deixei cair,
a vida que não me cabia em sonhos, eu quis dar outro sentido
Eu quis renascer aqui.
Pronto, decidi...
nada de passado mal resolvido,
corações amarrotados, lágrimas que teimam em cair, eu não morri...
no final dessa estrada há uma chance de estar enganada,
que as pessoas ainda merecem minha confiança,
que existe no fim de tudo uma esperança,
e que um dia eu encontrarei minha paz.
Pronto, eu me achei sem
demora...
Nessas entrelinhas desabafo meus pensamentos,
E acredito ser minha, a vida que me desperta agora.
Sonia Amorim